Amigos da A Professora Tia Lilian

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"A noite estrelada" foi pintada de memória e não a partir da vista correspondente de uma paisagem, como de costume. Vincent quando a pintou tinha 37 anos (1889).
Queres vê-la pessoalmente? Então visite o Museu de Arte Moderna de Nova York.


Via Láctea (fragmentos)
(Poema do príncipe dos poetas brasileiros, o carioca parnasiano Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac - Publicada em 1888.)
I
Talvez sonhasse, quando a vi.Mas via
Que, aos raios do luar iluminada,
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.
E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada
Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,
Ressoante de súplicas, feria...
(...)
III
(...)
Enfim!enfim! pude com a mão fremente
Achar na treva aquele que buscava...
Por que fugias, quando eu te chamava,
Cego e triste, tateando ansiosamente?
Vim de longe, seguindo de erro em erro,
Teu fugitivo coração buscando
E vendo apenas corações de ferro.
Pude, porém, tocá-lo soluçando...
E hoje, feliz, dentro do meu encerro.
E ouço-o, feliz, dentro do meu pulsando.
(...)
VI
(...)
Quem ama inventa as penas em que vive:
E, em lugar de acalmar as penas, antes
Busca novo pesar com que as avive.
Pois sabei que é por isso que assim ando:
Que é dos loucos somente e dos amantes
Na maior alegria andar chorando.
VII
(...)
E eu penso que afinal...
Não penso nada:
Penso apenas que te amo como um louco:
(...)
X
(...)
Basta de engano! Mostra-me sem medo
Dos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo
Olha: não posso mais!Ando tão cheio
Deste amor, que minh'alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo...
Ouço em tudo teu nome, em tudo e leio:
E, fatigado de calar teu nome.
Quase o revelo no final de um verso.
(...)
XII
(...)
E cheguei! E, ao chegar, disse uma estrela:
"Como és feliz! Como és feliz, amigo,
Que de tão perto vais ouvi-la e vê-la."
(...)
XIII
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora:"Tresloucado amigo!
Que conversas com ela? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
E eu vos direi: 'Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(...)
(@"@)Que lindo poema-pintura!

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